MPRJ faz operação contra organização de Rogério Andrade e Ronnie Lessa, envolvido no caso de Marielle Franco
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) deflagrou uma operação na manhã desta terça-feira, 10, para reprimir as ações da organização criminosa liderada por Rogério de Andrade e o filho dele, Gustavo de Andrade. Segundo o MP, a organização é integrada por dezenas de outros criminosos, incluindo Ronnie Lessa, denunciado como executor da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Denominada “Calígula”, a operação deve cumprir 29 mandados de prisão e 119 de busca e apreensão, a serem feitos em quatro bingos comandados pelo grupo. 30 pessoas são alvos de denúncia pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Segundo as denúncias do MPRJ, Rogério de Andrade e Gustavo de Andrade comandam uma estrutura criminosa organizada, voltada à exploração de jogos de azar no Rio de Janeiro e em diversos outros Estados, que há décadas exerce o domínio de diversas localidades, fundamentando-se em dois pilares: a habitual e permanente corrupção de agentes públicos e o emprego de violência contra concorrentes e desafetos, sendo uma organização suspeita de inúmeros homicídios.
Segundo os Promotores de Justiça, a organização estabeleceu acertos de corrupção estáveis com agentes públicos integrantes de diversas esferas do Estado, principalmente ligados à Segurança Pública, incluindo tanto agentes da Polícia Civil, quanto da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Integrantes da polícia civil mantinham contatos permanentes com outros policiais corruptos, pactuando o pagamento de propinas em contrapartida ao favorecimento dos interesses do grupo liderado por Rogério de Andrade. Enquanto isso oficiais da PM serviam de elo entre a organização e Batalhões de Polícia, que recebiam valores mensais para permitir o livre funcionamento das casas de aposta do grupo.
Em um dos episódios, o delegado de Polícia Marcos Cipriano intermediou um encontro entre Ronnie Lessa, Adriana Cardoso Belém, então delegada de Polícia titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), e o inspetor de Polícia Jorge Luiz Camillo Alves, braço direito de Adriana Belém, culminando em acordo que viabilizou a retirada em caminhões de quase 80 máquinas caça-níquel apreendidas em casa de apostas da organização criminosa. O pagamento da propina pela ação teria sido providenciado por Rogério de Andrade.
Na mesma linha de atuação, o policial civil aposentado Amaury Lopes Júnior foi denunciado como integrante do grupo. Ele era o elo da organização com diversas delegacias. Também foi apontado como receptor de propinas, agindo em favor de integrantes do alto escalão da polícia civil, o Inspetor Vinícius de Lima Gomez. O balanço mais recente dos resultados da operação Calígula confirma 11 prisões, além da apreensão de oito aparelhos celulares, um notebook, um HD, um pen drive, e R$ 1,2 milhão na casa da delegada Adriana Belém, alvo de busca e apreensão.
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